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domingo, 14 de agosto de 2011

Deep Ecology...ou Ecologia Profunda de Satish Kumar

Há 20 anos, o cientista inglês James Lovelock dava o primeiro curso do Schumacher College sobre a Teoria de Gaia, segundo a qual o planeta Terra é um ser vivo capaz de se autorregular. O prédio da escola, com mais de 600 anos, fica onde era a antiga sede dos correios da cidade e se assemelha a um pequeno castelo de pedras no meio de árvores gigantes e centenárias. A sensação é de algo que resiste ao tempo.
Em seu entorno, um jardim imita uma floresta natural com árvores, flores e diversas espécies comestíveis utilizadas pela cozinha da escola. Estudantes, voluntários e professores residentes formam uma comunidade onde todos têm suas tarefas. É um exemplo prático de uma comunidade quase resiliente, conceito trabalhado pelo colégio.
“Aqui, no lugar de sustentabilidade, costumamos falar em resiliência, que é a capacidade de um organismo resistir a choques externos sem ser destruído”, ensina Satish Kumar, um dos fundadores da escola. “Uma comunidade resiliente é aquela que precisa de pouco combustível fóssil, que fomenta o comércio local, usa material da região para as construções e cuja economia não depende tanto de importação de outros países”, diz.
Com seus 75 anos, Kumar é quem está por trás da criação da escola. Nascido no Rajastão, na Índia, ele está sempre sorrindo e disposto a ensinar. Na adolescência, foi monge. Fugiu do monastério ao ler sobre as ideias de Mahatma Gandhi que dizia que a espiritualidade deveria ser praticada pelo homem na política, nas relações sociais e no dia-a-dia. No final dos anos 1960, fez uma caminhada pela paz que durou mais de dois anos, passando por quatro países que detinham a tecnologia da bomba atômica, União Soviética, França, Inglaterra e Estados Unidos.
A caminhada foi relatada em seu livro “No Destination”, (“Sem Destino”) editado pela Green Books. Kumar divide as tarefas do Schumacher College com o cargo de editor da revista “Resurgence”, uma das principais vozes do movimento verde europeu.
“Criamos uma escola que leva em conta a criatividade, subjetividade, beleza e imaginação, que são recursos necessários para resgatar os valores que o mundo perdeu”, diz Kumar. “Nossa missão é inspirar pessoas para mudanças positivas”.
A filosofia do “pequeno é belo” tem sido o norte de suas atividades e ainda hoje é o caminho na construção de comunidades mais resilientes. Kumar acredita que “a melhor forma de resolver um problema global é agindo de forma local”. É simples: “Tem gente que quer salvar o mundo, mas ainda não aprendeu a cuidar de si mesmo. Se alimenta de forma errada e vive estressado. O cuidado com o mundo, começa em cada um”.
Tanto é verdade que no Schumacher a cozinha é parte fundamental da escola e do processo de aprendizagem. A refeição vegetariana, orgânica e saudável é preparada por chefs experientes com a ajuda dos alunos e é servida diariamente para uma média de 50 pessoas, entre estudantes e funcionários. O que sobra é transformado em adubo, tarefa que também cabe a quem está lá.
Apesar de estar localizado na Inglaterra e ter características ocidentais – como possuir um pub dentro do prédio -, o Schumacher College tem um forte toque da cultura indiana, com aula de ioga e meditação.
A falta de hierarquia entre as pessoas e divisão de serviços é fruto de sua convicção de que dentro de uma sociedade ninguém é mais importante do que o outro. “O que o presidente pode fazer para uma pessoa que está doente? Ou o que o engenheiro poderia fazer por nós quando estamos com fome?”, questiona. A autenticidade dos conceitos vividos na escola mexe de forma muito profunda com os seus integrantes.
Satish Kumar estará no Brasil em 19 de agosto, como palestrante de conferência no Summit 2011, realizada pela Symnetics e concedeu uma entrevista à Dôra Amiden, diretora de educação da Symnetics, cujo conteúdo transcreveremos no próximo post, pois vale a pena conhecer seu pensamento sobre ecologia! 

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